15 junho 2016

Protoindo-europeus


Os protoindo-europeus são os hipotéticos falantes da língua proto-indo-europeia; um povo pré-histórico da Idade do Cobre e do início da Idade do Bronze.

O que se sabe sobre eles deve-se principalmente à reconstrução linguística, junto com evidências materiais arqueológicas e arqueogenéticas. A reconstrução linguística é repleta de incertezas significativas com margem à especulação. De acordo com alguns arqueólogos, os falantes de protoindo-europeu não podem ser considerados como sendo um povo ou tribo única e identificável, e sim eram um grupo impreciso de populações ancestrais ainda parcialmente pré-históricas dos indo-europeus da Idade do Bronze.


Este ponto de vista é defendido especialmente pelos arqueólogos que postulam uma terra natal original de vasta extensão e de imensa profundidade temporal. Todavia, este ponto de vista não é compartilhado pelos linguistas, devido às protolínguas geralmente ocuparem áreas geográficas pequenas sobre uma amplitude bastante limitada de tempo, e são geralmente faladas por comunidades muito próximas tais como uma pequena tribo.

Os protoindo-europeus neste sentido provavelmente viveram durante o final do Neolítico, ou aproximadamente no quarto milênio AEC. A corrente acadêmica predominante os localiza na região de encontro de floresta e estepe imediatemente ao norte do extremo oeste da estepe pôntica na Europa Oriental. Alguns arqueólogos os posicionam ainda mais no passado, no Neolítico médio (5500 a 4500 AEC) ou até mesmo no começo do Neolítico (7500 a 5500 AEC) e sugerem hipóteses alternativas de localização.

No final terceiro milênio AEC, desdobramentos dos protoindo-europeus alcançaram a Anatólia, a Grécia, a Europa Ocidental, a Ásia Central e o sul da Sibéria .

Genética

Três estudos genéticos recentes, de 2015, deram apoio à teoria de Marija Gimbutas de que a difusão das línguas indo-europeias teria se dado a partir das estepes russas (hipótese Kurgan). De acordo com esses estudos, o Haplogrupo R1b (ADN-Y) e o Haplogrupo R1a (ADN-Y) - hoje os mais comuns na Europa e sendo o R1a frequente também no subcontinente indiano - teriam se difundido, a partir das estepes russas, junto com as línguas indo-europeias; tendo sido detectado, também, um componente autossômico presente nos europeus de hoje que não era presente nos europeus doNeolítico, e que teria sido introduzido a partir das estepes, junto com as linhagens paternas (haplogrupo paterno) R1b e R1a, assim como com as línguas indo-europeias.


O surgimento da arqueogenética evidencia que o uso da análise genética para traçar padrões de migração também adicionou novos elementos ao quebra-cabeça das origens. Em termos de genética, o subclado R1a1a (R-M17 ou R-M198) é o mais comumente associado com os falantes de indo-europeu. A maioria das discussões aparentemente das origens do R1a são na verdade sobre as origens do subclado dominante R1a1a (R-M17 ou R-M198). Dados até aqui coletados indicam que há duas áreas amplamente separadas de alta frequência, uma na Europa Oriental, em torno da Polônia e do centro russo, e outro no sul da Ásia em torno do norte da Índia. As possíveis razões históricas e pré-históricas para isto são o assunto de contínuas discussões e atenção entre geneticistas populacionais e genealogistas genéticos, e são também consideradas como sendo de potencial interesse para linguistas e arqueólogos.

Acredita-se que o haplogrupo do cromossomo Y humano R1a1 tenha se originado nas estepes eurasianas ao norte do mar Negro e do mar Cáspio, e está associado à cultura Kurgan, ou o "vale do Indo" das línguas indo-europeias, assim como com a cultura Ahrensburg pós-glacial, sugerida como tendo espalhado o haplogrupo originalmente. Alternativamente, sugere-se que o R1a chegou ao sul da Escandinávia durante a época da cultura da cerâmica cordada . As mutações que caracterizam o haplogrupo R1a ocorreram há aproximadamente 10.000 anos. Sua mutação definitiva (M17) ocorreu entre 10.000 e 14.000 anos atrás. Ornella Semino et al. propõe uma disseminação pós-glacial do haplogrupo R1a1 a partir do norte do mar Negro durante o período do último máximo glacial, subsequentemente ampliada pela expansão da cultura Kurgan para a Europa e para oeste.

Hipóteses Urheimat

No século XX, Marija Gimbutas criou a hipótese Kurgan. O nome foi retirado dos kurgans (montes funerários) das estepes eurasianas. A hipótese sugere que os indo-europeus eram uma tribo nômade daestepe pôntica (atualmente o leste da Ucrânia e o sul da Rússia) que se expandiu em várias ondas durante o 3º milênio AEC. Sua expansão coincidiu com a domesticação do cavalo. Deixando sinais arqueológicos de sua presença, eles subjugaram os pacíficos agricultores neolíticos europeus da civilização da Europa Antigade Gimbutas. Conforme as crenças de Gimbutas se desenvolveram, ela colocou ênfase crescente na natureza patriarcal e patrilinear da cultura invasora, nitidamente contrastando-a com a supostamente igualitária, se não matrilinear, cultura dos invadidos, a um ponto de formular essencialmente uma arqueologia feminista. Uma forma modificada da teoria de Gimbutas, proposta por James Patrick Mallory, data as migrações um pouco antes de 3500 AEC e insiste menos na natureza violenta ou quase militar da invasão, sendo este o ponto de vista mais apoiado do Urheimat protoindo-europeu.

A hipótese anatólica sugere que as línguas indo-europeias se disseminaram pacificamente para da Ásia Menor para a Europa a partir de 7000 AEC com o avanço da agricultura (onda de avanço). O principal propagador desta teoria é Colin Renfrew. A cultura dos indo-europeus como deduzida pela recontrução linguística contradiz esta teoria, visto que as culturas neolíticas não tinham cavalos, nem a roda e nem os metais, termos esses todos seguramente reconstruídos para o protoindo-europeu. Renfrew rejeita esse argumento, comparando tais reconstruções à presença da palavra "café" em todas as modernas línguas romances não necessariamente implica que os antigos romanos também a tivessem. Outro contra-argumento é o fato de se saber que a antiga Anatólia antes era habitada por povos não indo-europeus, especialmente hatitas, cálibes e outros; apesar de isso não eliminar a possibilidade de que os primeiros falantes de indo-europeu também pudessem ter vivido lá.

Fontes: Eupedia e Wikipédia.

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